quarta-feira, 29 de julho de 2009

Onda de furtos no Sudoeste

Pelo menos 20 apartamentos do setor econômico foram alvo de arrombadores de janeiro até a metade de julho. Bandidos se aproveitam da falta de segurança nos prédios e só invadem quando não há ninguém em casa. Um dos suspeitos foi identificado

»GUILHERME GOULART, do Correio Braziliense (16/julho/2009)

Grupos de assaltantes especializados em arrombamentos descobriram o Sudoeste econômico. Os
prédios de três andares e sem porteiros, localizados em uma região onde a maioria dos moradores deixa os imóveis vazios ao longo do dia, tornaram-se alvo de bandidos desde o início do ano. Houve pelo menos 20 furtos entre janeiro e a metade de julho — uma média de três casos por mês —, segundo dados da Polícia Civil do Distrito Federal. Todos os ataques foram planejados
e executados sem violência e em horários em que os proprietários não estavam em casa.
Análises feitas por duas delegacias revelaram que as quadrilhas seguem padrões para cometer os assaltos na área. Atacam à tarde e optam por não invadir um apartamento sem antes se certificar de que está vazio. Tocam o interfone e dão preferência àqueles localizados no terceiro andar, pois o movimento no último piso tende a ser menor. “O que caracteriza o crime é a falta de porteiros 24h e a deficiência de equipamentos de segurança. Qualquer facilidade atrai”, disse o
delegado Kléber Luiz da Silva Júnior, da Delegacia de Repressão a Furtos (DRF).
Os furtos praticados no Sudoeste econômico estão registrados na 3ª Delegacia de Polícia, no Cruzeiro. Três casos ocorreram só na tarde de terça-feira. Dois na Quadra 6 e um na Quadra 7. Uma das vítimas, um servidor público de 36 anos, só soube do crime ao voltar para casa na manhã de ontem. Encontrou as marcas dos arrombamentos na porta dele e na da vizinha e um recado do síndico. Ficou até a tarde sem saber o que havia sido levado, pois dependia da chegada
da perícia. “Só sei que levaram minha bicicleta, que ficava na varanda. O jeito agora é juntar os moradores e colocar grades nas portas.” Outro furto recente ocorreu em 9 de julho, quinta-feira. Bandidos escolheram como alvo mais um bloco da Quadra 6. E invadiram outra vez dois apartamentos do terceiro andar. Arrombaram as portas com um pé de cabra. Passaram pela portaria provavelmente com a ajuda de um cartão de plástico. O imóvel de um casal de noivos acabou mais remexido do que o outro. Para eles, os assaltantes agiram à tarde. “Parece que foi por volta das 15h. A empregada do apartamento logo abaixo ao nosso ouviu barulho perto desse
horário”, afirmou a assessora de imprensa, de 28 anos, que preferiu o anonimato.
O noivo descobriu o arrombamento às 21h — os vizinhos moram em Unaí (MG). Havia saído de casa para trabalhar às 9h. Teve receio de entrar no local ao ver a porta arrebentada e chamou a polícia. Só com a chegada dos policiais pôde contar os prejuízos. Ficou sem filmadora, máquina fotográfica profissional, relógios, bebidas alcoólicas e R$ 450. Os ladrões vasculharam gavetas e armários. O casal registrou ocorrência na delegacia do Cruzeiro. E trocou as fechaduras da porta. Pensa ainda em investir em uma grade de metal. O prédio tem zelador, mas até às 17h.

Novo quartel
Para outro servidor público brasiliense, o furto do apartamento alugado também na Quadra 6 apareceu como principal motivo para trocar de endereço. Ele se mudou da área econômica do Sudoeste para a parte dos imóveis mais caros do bairro em junho, quando houve a invasão.
“Saí para trabalhar ao meio-dia. Às 16h, o zelador ligou para dizer que o apartamento tinha sido arrombado. Muito ruim essa sensação de ter as suas coisas vasculhadas. Acabei me mudando
por falta de segurança”, explicou o homem, de 31 anos, que também não quis se identificar.
Os bandidos fugiram com notebook, telefone celular, câmera fotográfica, pares de tênis e dinheiro. Furtaram aparelhos do tamanho de mochilas e sacolas.Televisões, home theater e qualquer aparelho maior e mais pesado ficam para trás, pois chamam a atenção. Assim como a maioria das vítimas do Sudoeste Econômico, o funcionário público morava no terceiro andar do bloco. O imóvel ficava sozinho a partir do horário do almoço. E não contava com grades de metal. A vítima registrou ocorrência na delegacia do Cruzeiro. O major Alfredo Luney Leite, comandante da 11ª Companhia de Polícia Militar Independente (Octogonal, Sudoeste e Cruzeiro),
acredita que a inauguração do quartel da unidade ajudará a diminuir as ocorrências na região.
A sede da companhia ficará na altura das quadras 2 e 3 a partir da primeira quinzena de agosto. Segundo ele, um dos suspeitos de atacar na região foi identificado como Idelsi Alves da Silva. Mas também há adolescentes envolvidos nos furtos. O presidente da Associação de Moradores da Octogonal e do Sudoeste, Jair Araújo, disse que os furtos na área econômica estarão na pauta da
próxima reunião.

Proteja-se
Alguns cuidados básicos podem ajudá-lo a evitar assaltos. Confira:
A falta de porteiros e de equipamentos de segurança nos prédios do Sudoeste Econômico atrai os
bandidos. Para evitar surpresas ao chegar em casa, coloque grades de metal na porta da frente.
Ou avalie com o condomínio a possibilidade de instalar câmeras de vídeo e alarme no edifício;
Ao entrar ou sair do prédio, verifique se a porta principal se fechou corretamente. É comum ela ficar entreaberta;
Criminosos também se identificam ao interfone como um vizinho que esqueceu as chaves de casa.
Só abra a porta após conferir se não se trata de um desconhecido;
Oriente crianças e funcionários a não abrir a porta principal do prédio a quem não conhecem;
Se constatar que ocorreu uma invasão em casa, evite tocar na porta ou nos objetos remexidos.
Impressões digitais podem fazer com que os assaltantes sejam identificados. Por conta de
um arrombamento, por exemplo, recaem sobre o ladrão acusações de furto qualificado. A pena é de dois a oito anos de prisão — o dobro da punição em relação ao furto simples;
Pelo mesmo motivo, só arrume a porta e a fechadura arrebentadas depois da visita da perícia técnica;
Chame a Polícia Militar. O número é 190. E registre ocorrência na 3ª DP.
Fonte: Polícia Civil do Distrito Federal

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